quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Velho e Guardado: Dogville (2003)

Há pouco tempo assisti Dogville e desde então tento entender o porque gostei tanto deste filme. Este filme é de 2003 e foi dirigido pelo polemico Lars Von Trier, que recentemente ganhou o titulo de “Persona non grata” no Festival de Cannes devido ao seus comentários sobre nazismo. Von Trier já dirigiu Dançando no Escuro, que conta com a atuação de Björk, e Anticristo, um dos mais polêmicos de sua carreira. O filme é o primeiro da trilogia “E.U.A. Terra de Oportunidades”, e tem como sequência Manderlay (2005) e o ainda não filmado Wasington, sim o nome do filme está escrito corretamente.

Dogville conta a história de Grace (Nicole Kidman), que esta fugindo de gangsteres e na fuga acaba chegando a uma cidadezinha isolada, onde com a ajuda de Tom, um escritor que procura uma forma de mostrar aos moradores da cidade que eles não aceitam novas situações, consegue escapar dos bandidos. Grace é abrigada na cidade e em troca disto terá que prestar pequenos serviços para a população local para continuar se escondendo. Porém, quando os gangsteres intensificam a busca, os habitantes de Dogville percebem o perigo que estão correndo e começam a querer receber mais coisas em troca da proteção de Grace, que percebe que sua liberdade custará caro.

O filme possui um cenário simples, com pouquíssimos objetos de cena e marcações no chão, que dividem os espaços da cidade e dão um ar de peça teatral ao filme. Por ter sido gravado em um galpão completamente fechado, Von Trier usa e abusa das alterações de luz e cor do cenário, que indicam mudanças de clima, dia/noite e, principalmente, para alterações de momentos importantes no filme, o que vai totalmente contra o movimento Dogma 95 criado por Lars. Tudo isso foi calculadamente pensado pelo diretor, que queria que os atores fossem valorizados o tempo todo no filme, como são nas peças de teatro. Além disto, a ausência de paredes dá a entender que os moradores da cidade sabem o que está ocorrendo, mas preferem fingir que não estão vendo.

A atuação é o ponto mais forte no filme. Lars Von Trier exigiu o máximo dos atores, fazendo com que uns até o odiassem, o que pode ser visto no documentário Dogville Confessions, que foi rodado juntamente com o filme. Mas todo o esforço e as exigências valeram a pena, afinal ao ver o filme você não pensa “Ah, isso é uma atuação”. Não, você se coloca no lugar do personagem e sente o que ele está sentindo, fazendo você ficar com raiva e angustiado todo o tempo. Nicole Kidman está perfeita no filme, pode-se dizer que é um dos melhores filmes da atriz.

Dogville é 8/80, ou você irá assistir e se apaixonar, querendo saber tudo sobre o processo de criação do filme, ou você irá odiar e nunca mais querer ouvir falar dele. O filme é totalmente fora dos padrões e critica abertamente não só o estilo americano de vida, mas o estilo de vida de todos os cantos do mundo.



Dicas:

Dogville Confessions

Este é um documentário que foi rodado durante as gravações de Dogville. Dirigido por Sami Saif, Dogville Confessions é uma espécie de Making Of do filme que conta a experiência dos envolvidos na produção do filme, inclusive com os atores. Algo peculiar é a caixa de confissões, onde as pessoas entram e falam sobre o que está acontecendo nas gravações e, na maioria das vezes, as dificuldades que estão tendo com o diretor Lars Von Trier.


Anticristo

Este, como já falado acima, é um dos filmes mais polêmicos da carreira de Lars. O filme é bem punk, difícil de ser visto e também de ser entendido, pois muitos dos acontecimentos são colocados metaforicamente. Não contarei nenhuma sinopse por que acho que tudo que acontece do começo ao fim deve ser uma surpresa para o telespectador que irá assisti-lo.

Da Coluna: CooltureNews - Velho e Guardado

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