quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Velho e Guardado: 8 ½ (1963)

Neste segundo post da coluna, vou falar de “8 ½” Este filme foi dirigido por Frederico Fellini, um dos mais importantes cineastas italianos, que ficou conhecido pela poesia de seus filmes e por nunca deixar a magia do cinema desaparecer. O título do filme é devido à carreira do próprio Fellini, que até então havia dirigido oito filmes, e co-dirigido um.

“8 ½” é de 1963, autobiográfico, como a maioria dos filmes de Fellini, e que tem uma ótima trilha sonora, assinada pelo compositor Nino Rota, que é muito importante na composição de algumas cenas do filme, como a inicial. O filme conta a história de Guido Alsemi, vivido por Marcello Mastroianni, um cineasta que passa por uma crise de criatividade e decide se internar em uma estação-de-águas para tentar achar inspiração para o filme que está produzindo. Além da pressão dos produtores, da imprensa, de sua mulher e da amante, Guido ainda tem que se preocupar com sua saúde. Em si, o filme segue a linha de pensamento de Guido, é como se fosse um diário, os acontecimentos refletem o modo como ele vê.

Algumas pessoas não sabem, mas Guido Alsemi é um dos alter egos de Fellini, como dito anteriormente, “8 ½” é um filme autobiográfico, e segundo o próprio diretor, partes do filme são imagens que vieram a sua cabeça através de seus próprios sonhos. Ainda há quem diga que Fellini, na época, passava pela mesma crise de criatividade do personagem e foi assim que concebeu “8 ½”. Ponto positivo para Mastroianni, que interpretou perfeitamente Guido.

Ao ver este filme pela primeira vez (Já assisti duas vezes) fiquei admirada com os planos seqüenciais feitos no inicio do filme, é incrível como a câmera passa de um personagem para o outro da forma mais natural e leve possível. Outra coisa que me chama a atenção nele é a beleza da fotografia. Há pessoas que não gostam e não vêem beleza em filmes em preto e branco, porém existe todo um trabalho de iluminação, ainda maior que em filmes coloridos, para deixar a imagem bonita, e você consegue ver essa beleza, este trabalho de iluminação em “8 ½”.

O filme é a obra de arte de Fellini, pelo menos é o que eu acredito. Para quem o conhece e já assistiu alguns de seus filmes, principalmente os que antecedem “8 ½” como a Estrada da Vida e Noites de Cabiria, sabem da linguagem usada pelo diretor, a essência circense que existe na maioria de seus filmes, e percebem a ousadia e a originalidade deste filme. “8 ½” é aquele tipo de filme que se você gosta, certamente virá a ser um de seus filmes preferidos.

Para finalizar o post, cito um trecho de uma crítica que li pouco antes de ver o filme no site Contra Tempo , feita por Carim Azeddine, que retrata exatamente o que é o “8 ½” de Fellini.

“A complexidade da estrutura, melhor, da relação do filme com a sua própria realidade a espelhar a realidade do seu criador, era novidade no cinema. Um filme narrado numa flexão ambígua que se situaria entre a primeira e a terceira pessoa do singular. Não realmente o “eu” de uma biografia, tampouco o “ele” de uma ficção.”

Dicas:

Nine

Nine é um musical inspirado em “8 ½”. A história é praticamente a mesma, são mudadas algumas coisas, mas o principal está lá. O elenco conta com diversas personalidades, entre elas: Daniel Day-Lewis, no papel de Guido, Penélope Cruz, no papel da amante de Guido, Marion Cotillard, como a mulher e com a participação mais que especial de Sophia Loren, como a mãe. Por ser um musical, não são todas as pessoas que gostaram, mas vale a pena assistir.


A Estrada da Vida

“La Strada”, nome original, é um filme de 1954 dirigido por Fellini. O filme conta a história de uma moça que é vendida por sua mãe para Zampanò, um homem rude que trabalha fazendo apresentações em diversos locais. Este ainda é um filme neo-realista, movimento que Fellini seguia antes de “8 ½”, e mostra um Fellini diferente. Se você ainda não assistiu “8 ½”, recomendo que assista a este filme antes para entender melhor o trabalho do diretor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário